domingo, junho 02, 2013

Constrangimento no bar Barba Negra


Constrangimento e humilhação. Esses são os sentimentos que os músicos Charles Andí e Daniel Vitória relatam ter passado no dia 21 de maio, terça-feira, no estabelecimento comercial Barba Negra, quando tiveram um show cancelado cerca de 15 minutos antes de começar.
O constrangimento, no entanto, não se deu por causa do cancelamento do show em cima da hora, mas sim por uma discussão verbal entre um dos músicos e o gerente que contratou os artistas.  Acompanhe no relato do vocalista Charles Andí:
“Estava em Castanhal, trabalhando em uma composição para o Festival de Música de Castanhal (FEMUC), quando recebi o telefonema do músico Daniel Vitória, percussionista que toca comigo, dizendo que iríamos tocar na terça (21 de maio) à noite, no bar Barba Negra, que fica na capital paraense.
 
Já tínhamos tocado nesse estabelecimento há algumas semanas antes do ocorrido. Possuíamos um contrato verbal para fazer show lá todas as quintas. Pedi para o Daniel ligar para o bar Barba Negra novamente e confirmar essa tocada de terça, pois eu não queria dar viagem perdida à Belém.

Depois de tudo confirmado com o gerente do bar, conhecido como ‘Clarck’ – era ele a pessoa com a qual tratávamos o nosso contrato, junto com um outro gerente, o qual não recordo o nome –.
 
Após tudo confirmado. Pego um táxi e vou ao terminal de vans de Castanhal. Em seguida, pego uma van com destino a Belém. Chegando na capital, pego outro taxi para ir até a minha casa. Depois, novamente outro para ir até o Barba Negra.
 
Ao chegar no bar, por volta de 20h30, encontro o Daniel. Ele me diz que o ‘Clarck’ tinha cancelado a tocada em cima da hora. Fui falar com o ‘Clarck’ e ele alegou que tiveram uma falha. Uma pessoa a qual ele se dirigia como o chefe tinha contratado outra banda para tocar no mesmo dia em que ele contratou a gente e ele não sabia.
 
Eu falei:
‘Bem meu amigo, não tenho nada a ver com a desorganização de vocês’. Estava com meu violão no palco quando a outra banda chegou. Ficou uma situação, no mínimo, constrangedora. Nesse momento, havia público no bar. Foi quando o ‘Clarck’ me chamou e disse: ‘olha vou te pagar R$ 60,00. A outra banda é que vai tocar’.
 
Eu respondi:
‘ ‘Clarck’ como você pode me chamar pra tocar hoje aqui, pra resolver uma situação pra você. Eu saio de Castanhal nas pressas e você me apronta essa?! Meu querido, mesmo você me pagando os 50% por quebra de contrato, mesmo assim, não vai cobrir o meu prejuízo. E você ainda chega dizendo que só tem R$ 60,00 e se eu quiser...’
 
Nesse momento, os clientes e a outra banda já haviam percebido o problema. Eu me senti completamente constrangido. E continuei cobrando os meus direitos:
 
‘Clarck’, você vai ter que pagar sim os 50%!
Foi então que ele respondeu em alto e bom tom: ‘Ou vocês pegam os R$ 60,00 que é o que tem e vão embora, ou não tocam mais aqui no Barba Negra, porque se eu te pagar os 50% o nosso contrato está cancelado. É isso!’.
 
Na minha opinião, essa ação foi um tipo de ameaça covarde e sem escrúpulos. A gente tem que aceitar o que eles (proprietários de estabelecimentos noturnos) querem para não perder um contrato num bar? Eu me senti completamente ameaçado e constrangido. Me senti HUMILHADO por esse gerente.
 
Eu retruquei: ‘Meu amigo, me pague os 50% pois, esse bar não é o único de Belém e eu não tenho o costume de trabalhar com esse tipo de gente’. Recebi os 50% e assinei um recibo. Desmontei o meu set que havia iniciado assim que cheguei, já que ainda não sabia do cancelamento do show.
 
Os clientes do bar e os amigos da outra banda presenciaram tudo. Fiquei indignado por ser tratado como se eu estivesse pedindo esmola na porta do Barba Negra. Me senti como se eu fosse um bosta. Foi uma situação horrível essa que passei no dia 21 de maio, nesse bar.
 
Nós, artistas da noite em Belém, somos tratados como mendigos, como um tipo de escória por donos de bares e gerentes. O cover artístico cobrado nesses estabelecimentos noturnos não são repassados integralmente para os músicos. 

E a gente ainda tem que ficar reféns dessa situação humilhante? Até quando vamos ter que viver essa triste realidade? Até quando os políticos vão ficar omissos à nossa classe? Até quando nós vamos ficar omissos a isso tudo?”. Questiona o músico Charles Andí.
Tentamos contato com o gerente ‘Clarck’ desde a semana passada. Somente no final dessa conseguimos ser atendidos pelo proprietário do Barba Negra que ficou de enviar uma nota de esclarecimento assim que publicássemos esse texto. 
Leia a Nota de repúdio da Ordem dos Músicos do Brasil, Conselho Regional do Pará  sobre o caso.

2 comentários:

  1. Deveria haver mais respeito para com os músicos em geral, ainda há muito descaso e comparações idiotas, do tipo... Todo músico não tem estudo, não trabalha e coisas do tipo, o que não é verdade.

    Músico é um profissional como muitos no país, é uma profissão, é uma arte, e na minha opinião também uma filosofia, ainda não sou músico mas sei muito bem o que se passa na cabeça de um e como se sentem.

    '-'

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  2. é muita sacanagem e muita cara de pau, axo q deveria ter um contrato em papel e assinado!

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